relação entre o PDT e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu um abalo significativo nesta terça-feira (6), após a bancada pedetista na Câmara dos Deputados anunciar que adotará uma postura de independência. A decisão marca o fim do alinhamento automático com o Palácio do Planalto, mantido desde o início do atual mandato.
A ruptura ocorre em meio à crise interna provocada pela saída de Carlos Lupi — presidente licenciado do partido — do comando do Ministério da Previdência Social, em meio a denúncias de fraudes e desvios no INSS. Nos bastidores, parlamentares interpretaram a demissão como um sinal de desgaste político e desvalorização do partido dentro do governo, o que aprofundou o mal-estar.
Segundo fontes do PDT, Lupi entrou na reunião com Lula já decidido a deixar o cargo, antecipando uma medida que foi vista por deputados como uma resposta a um ambiente de crescente desconforto e falta de diálogo com o Executivo. A gota d’água, para a bancada, foi a escolha de Wolney Queiroz — ex-líder do partido na Câmara — para substituí-lo no ministério, uma decisão que, segundo os parlamentares, foi tomada sem consulta à maioria da legenda.
“A partir de agora, nossa posição é de independência. Não somos oposição, mas também não somos mais governo”, afirmou o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), destacando que a decisão foi unânime entre os 17 integrantes da bancada.
O episódio reacende as discussões internas sobre o futuro do partido nas próximas eleições presidenciais. Após lançar Ciro Gomes em 2022 e apoiar Lula no segundo turno, membros da legenda já admitem, nos bastidores, a possibilidade de retomar um projeto próprio para 2026, diante do enfraquecimento do espaço do PDT na atual gestão federal.