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A fraude milionária no Maranhão

DO JIB – Reportagem revela grande esquema de desvio milionário de recursos públicos destinados para pacientes com sequelas da Covi-19 no Maranhão.


Uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, exibido neste domingo, 23, revelou um grande esquema de desvio de recursos públicos em cidades do interior do Estado do Maranhão destinado a pacientes com sequelas da Covid-19.

De acordo com o Fantástico, as cidades envolvidas no esquema são: Mata Roma, Belágua, Afonso Cunha e Chapadinha, todas situadas na região leste maranhense.

O esquema segundo a reportagem é baseado em alimentação falsa de dados no Sistema Único de Saúde (SUS), que permite a liberação de recursos para o fundo municipal de saúde das cidades.

O município de Mata Roma com pouco mais de 17 mil habitantes tem gostos iguais aos de um estado interior com uma população de 17 milhões de habitantes. Pessoas que já estão mortas, segundo consta no relatório, receberam atendimento pós-covid.

Pelos números, é como se um profissional da saúde atendesse 260 pacientes por dia. O relatório aponta que a Mata Roma recebeu R$ 743.533,00 para tratamento pós-covid, em 2022, que representa mais do que o valor total de todas as cidades do Rio de Janeiro.

No município de Chapadinha, o nome de um paciente que já recebeu atendimento em outras cidades aparece também como recebendo atendimento na cidade de pouco mais de 80 mil habitantes. Em outro caso, a mãe de uma mulher que aparece na lista afirma que a filha nunca recebeu atendimento pós-covid. ‘’Ela teve covid. Não teve tratamento de nada. Ela é minha filha.’’, disse. Apesar de não passar de 90 moradores, a cidade registrou pouco mais de 207 mil atendimentos.

Chapadinha foi a cidade do país que mais recebeu recursos para atendimento pós-covid, cerca de R$ 3.983.585,40, que representa mais que todos os estados do sudeste juntos.

‘’As investigações se deram em duas frentes: uma de proteção do patrimônio público. Na outra frente a responsabilidade criminal das pessoas que inseriram esses dados falsos e também que desviaram eventualmente esses recursos públicos’’,

Em Belágua, com 7.528 habitantes aponta no relatório que a cidade realizou 50 mil atendimentos pós-covid, mas, no entanto, possui oficialmente registrados 446 casos de pessoas que foram acometidas da doença. Belágua recebeu pouco mais de R$ 1 milhão para tratamento de pessoas com sequelas da doença. O valor corresponde a maioria do que os estados brasileiros receberam. Além deste agravante, segundo a reportagem o município realizou também 13 mil testes de HIV, em dois meses, números incompatíveis com a realidade da população.

Em Afonso Cunha, a fraude abriu uma brecha de que cada morador de um total de 6 mil, passasse pelo médico 54 vezes ao ano. Além disso, outras consultas e tratamentos médicos são três vezes maiores do que a população do município.

Segundo a reportagem, o prejuízo com tratamentos fantasmas passam de R$ 8 milhões de reais

‘’Usam da má fé para fraudar o sistema. Essas informações eram inseridas em inserções de procedimentos que não eram realizados possibilitando assim que no ano subsequente a emenda parlamentar fosse passada em um valor fraudulento a mais’’, disse um servidor do Ministério Público Federal (MPF).

O Fantástico também apurou que a verba destinada do Brasil, 93,3% foi destinada ao Maranhão, o que levanta a possibilidade de outro município além dos citados participarem do esquema. Somente com emendas do relator voltadas à saúde as prefeituras do Maranhão receberam mais de R$ 1 bilhão de reais nos últimos dois anos, via orçamento secreto. Das quase 50 cidades suspeitas 25 tiveram verbas bloqueadas. A principal suspeita é que o esquema tenha começado em Igarapé do Meio, por meio de Roberto Rodrigues de Lima. Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal no ano passado.

As prefeituras citadas se manifestaram afirmando que vão esclarecer os fatos.