Mesmo com o Brasil alcançando, em 2024, o maior nível de rendimento médio desde 2012, R$ 3.208, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE, o Maranhão continua ocupando a pior posição entre todos os estados brasileiros. O rendimento médio de R$ 2.051 registrado no estado não apenas repete, mas consolida a condição histórica de estagnação econômica e desigualdade, sem que políticas públicas efetivas consigam reverter esse cenário.
O maranhense ganha, em média, menos da metade do que recebe um morador do Distrito Federal (R$ 5.037), unidade com maior renda do país. A distância também é gritante em comparação com São Paulo, onde a média chega a R$ 3.884.
Enquanto o país avança, o Maranhão segue parado, e pagando o preço de décadas de má gestão, baixa geração de oportunidades e falta de investimentos capazes de transformar a realidade social.
Os números do IBGE escancaram aquilo que a população sente no dia a dia: salários baixos, serviços precarizados e um mercado de trabalho restrito. Mesmo com a recuperação econômica nacional e a melhoria de indicadores em outras regiões, o Maranhão permanece na base da pirâmide, sem sinais concretos de que consiga romper esse ciclo.
Além das diferenças regionais, o estudo evidencia desigualdades internas igualmente preocupantes. Em 2024, homens receberam 27,2% a mais que mulheres no Brasil; pessoas brancas ganharam por hora 65,9% mais do que pretos e pardos. No Maranhão, onde a maior parte da população é justamente preta ou parda, esses números revelam o impacto direto das desigualdades históricas, agravadas pela ausência de políticas eficientes de inclusão e valorização profissional.
O mercado de trabalho também demonstra o tamanho do problema: apenas 49,1% das mulheres estavam ocupadas em 2024, enquanto entre os homens o índice foi de 68,8%. Quando conseguem emprego, elas continuam recebendo menos, apenas 78,6% do rendimento masculino, proporção ainda menor em setores como comércio e serviços.
A disparidade entre ocupações reforça o quadro de baixa qualificação e de oportunidades limitadas no estado. Enquanto diretores e gerentes no país chegam a R$ 8.721 de rendimento médio, trabalhadores de ocupações elementares, muitos deles comuns no Maranhão, receberam apenas R$ 1.454.
O resultado é um círculo vicioso: baixa renda, baixa qualificação, poucas oportunidades e dependência crônica de políticas assistenciais. O Maranhão permanece onde sempre esteve, no final da fila, porque o Estado, ano após ano, falha em romper com o modelo econômico que concentra renda, limita a mobilidade social e restringe o desenvolvimento.
Se nada mudar, a próxima pesquisa do IBGE provavelmente repetirá o mesmo enredo: o Maranhão na lanterna e o povo pagando a conta.
